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Foto do escritorAmazontour Belem

Um presente para você! inédito histórico do Hotel Fazenda do Carmo.

Atualizado: 3 de nov. de 2022


A Fazenda Nossa Senhora do Carmo é um meio de hospedagem muito especial, pois possui uma história secular valiosa! Além de ter em seu entorno a maravilha de uma natureza exuberante, está inserida no coração da maior ilha fluviomarinha do mundo. Sua cultura e valores fazem dela um verdadeiro patrimônio histórico, natural e arquitetônico do Brasil.

Apresentamos aos nossos leitores informações valiosas da fazenda nunca antes publicados, com dados inéditos que remontam ao nosso passado de Brasil Colônia.


São dados que fazem a alegria de estudantes de História, Geografia, da Cultura, do Turismo e de todos os interessados pela magia que fazem da Ilha do Marajó e da Fazenda N. Sra do Carmo, locais únicos no mundo. O projeto digital tem a assinatura da Amazontour Consultoria em Turismo.


Aproveite e boa leitura!


HISTÓRICO DOMINIAL DA FAZENDA NOSSA SENHORA DO CARMO


MUNICÍPIO DE SALVATERRA, ILHA DE MARAJÓ.

(Autor: Sérgio da Fonseca Dias filho)


O primeiro documento oficial que trata da Capitania da Ilha Grande de Joanes, datado no dia 2 de maio de 1676, foi firmado em Lisboa, e faz menção ao termo de capitania para a região da Ilha de Marajó. Esta Capitania foi concedida pelo rei Afonso VI de Portugal, ao donatário Antônio de Sousa Macedo, seu secretário de Estado, em 23 de dezembro de 1665, outorgando-lhe o "direito de vida e morte" sobre os habitantes da região, além de lhe obrigar a "remeter quarenta e oito escravos anuais para o Reino".


Segundo o documento de outorga, a Capitania estendia-se “pª. o sertão dizem que oitenta Legoas de comprido athe a fortaleza do Gorupá.Luís Gonçalo de Sousa de Macedo, filho único e herdeiro do donatário, é feito, por sucessão hereditária, Barão da Ilha Grande de Joanes, em 27 de Setembro de 1666, após a morte de seu pai.


Já as primeiras investidas europeias com o objetivo de ocupar a ilha de Marajó datam do final do século XV, mas o processo de ocupação somente se intensificou a partir do século XVII, quando o território constituiu cenário de intensas disputas entre nações europeias, notadamente Portugal e Holanda. Da supremacia holandesa nessa disputa, ficou o registro histórico do nome de Ilha Grande de Joanes, que foi substituído, depois que os portugueses expulsaram os holandeses, para Ilha de Marajó.


As terras de Marajó abrangem 48.000 Km2 e abrigam dois grandes ecossistemas: o das Florestas de Várzea, compreendendo 2/3 da superfície da ilha e o dos campos naturais com o terço remanescente. Assim, a ocupação fundiária se processa por interesses diversos e por modos heterogêneos. No oeste marajoara, na região conhecida como “Furos de Breves”, houve muitas expedições de viajantes e cronistas, desde o século XVI, com as primeiras missões da Companhia de Jesus.


O processo de conformação territorial do município de Breves, por exemplo, está relacionado a uma sesmaria concedida pelo então capitão-mor do Grão-Pará, João de Abreu Castelo Branco, em 19 de novembro de 1738, para Manoel Breves Fernandes. A área de duas léguas de frente, por uma de fundo, foi confirmada por Dom João V em 30 de março de 1740. Juntamente com seu irmão, Ângelo Fernandes Breves e sua esposa Inês Breves, ao chegarem de Portugal, fixaram-se nas chamadas “Missão das Bocas” e construíram um pequeno engenho chamado “Santana” – mesma localidade onde hoje é a sede do município de Breves, às margens do rio Parauahú (Ferreira, 2003; Idesp, 2013).


Verifica-se, desde logo o interesse pela produção agroindustrial nas terras do oeste da ilha de Marajó, devido à fertilidade das terras ribeirinhas renovada pelas marés que nelas depositam grandes quantidades de sedimentos ricos em nutrientes para os vegetais capazes de tolerar as inundações diárias. Posteriormente, na virada do século XIX para o século XX, a exploração da borracha, seguida da exploração madeireira, passaram a ser os principais atrativos para a incorporação das terras aos sistemas produtivos.


Na porção oriental da ilha, no ecossistema de campos naturais e savanas úmidas, após a pacificação dos indígenas, as missões católicas foram aquinhoadas pela coroa portuguesa com lotes de sesmarias, tendo a Companhia de Jesus, dos frades Jesuítas, recebido a maior parte delas, seguida dos Carmelitas e dos Mercedários. Isto permitiu a estruturação de fazendas altamente lucrativas. Praticava-se a agricultura e por volta de 1703, há introdução da criação de gado vacum e cavalar, cujo plantel é ampliado em 1751. Este conglomerado produtivo no Marajó resultou em uma “indústria pastoril” que forneceu carne de gado para Belém entre 1726 até 1872 com grande desenvoltura.


Após da expulsão dos Jesuítas pela Coroa portuguesa, em 1759, rompe-se o monopólio da mão-de-obra indígena sob o controle dos religiosos e instala-se a égide do Estado, no comando das ações fundiárias, processo que tem início pelas terras localizadas ao longo da calha do rio Arary.


A flagrante decadência dos estabelecimentos pecuários após a expulsão dos frades, chamou a atenção da coroa portuguesa e, antes que chegassem à ruína completa, D. José I ordenou que se repartissem as terras em juntas governativas segundo a seguinte ordem de preferência: i) os oficiais militares e pessoas casadas, vindos do reino e estabelecidas no Pará; ii) os oficiais militares brasileiros casados; ii) as pessoas distintas e casadas residentes no Pará, que não possuíssem bens de raiz competentes, excluindo os que possuíam terras próprias sem alguma benfeitoria, ou que não demonstrassem capacidade para cultura. Assim, foram formados no Marajó vinte e dois quinhões de lotes sesmariais, aproximadamente iguais.


Nas cabeceiras do rio Camará, partindo da foz do igarapé Jutuba, rio acima, na data de 8 de março de 1726, a ordem dos Carmelitas,originalmente chamada Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, foi aquinhoada pelo Barão da Ilha Grande de Joanes, Luiz Gonçallo de Souza Macedo, Alcaide Mor da villa de Castella etc, com quatro léguas de sesmarias, onde foi implantada a Fazenda Nossa Senhora do Carmo. Após o banimento dos Jesuítas e a decadência da atividade pecuarista, os Carmelitas acabaram por vender suas terras ao Capitão Manoel José de Mello Freire Barata, na data de 7 de dezembro de 1867.


O Capitão Manoel José de Mello Freire Barata foi casado em primeiras núpcias, com Jacinta Maria de Araújo Cardoso, filha de Arthur Bernardo Cardoso e de Francisca Maria de Araújo Roso, irmã do Presidente José de Araújo Roso, membros da importante família Araújo Roso, do Pará. Desta união descendem os Cardoso Barata e os Magalhães Barata; e em segundas núpcias, ocorridas em fins de 1871, com Maria da Glória Ferreira, que se tornou a viúva do Capitão Barata, carregando, ainda no ventre, seu segundo filho. Deixou ainda mais descendência, natural e legitimada, havida entre os dois casamentos.


Em 12.03.1874 o Capitão foi assassinado em sua Fazenda Mãe de Deus, na Ilha de Marajó, Comarca de Salvaterra, a tiros de espingarda, quando descia uma escada próxima de sua casa, disparados pelos irmãos Bento e Justino Alves Amador, seus antigos vaqueiros. Deixou com herdeiros a viúva e seus filhos: Francisco Cardoso Barata, Francisca Cardoso Barata, Amélia Cardoso Barata, Joana Cardoso Barata Tocantins, Izabel Cardoso Barata Mancelio, Jacintha Cardoso Barata Mouraille e Antônio Marcelino Cardoso Barata.


Esses herdeiros acabaram por se dividir em dois grandes lotes de terras que vieram a se constituir nas fazendas Santa Maria que permaneceu sob o domínio da família Cardoso e Curuxy que foi transmitida ao herdeiro Francisco Cardoso Barata.


Após o seu falecimento, em 4.10.1878, foram nomeados seus herdeiros, a viúva Anézia José de O’ de Almeida Barata e seu filho menor José Cardoso Barata. Não podendo pagar as custas do inventário, a propriedade foi vendida em hasta pública e arrematada por Victório Leão de Paula em 1876. Victório vendeu parte de suas terras, em 1901, correspondendo a fazenda Curuxy para José Caetano das Neves e o Banco Norte do Brasil.


Nesse mesmo ano, José Caetano permutou parte de suas terras, compreendendo a fazenda Curuxy, com a fazenda Santos Reis, pertencente a João Monard. No ano seguinte, José Caetano retira-se da sociedade com o Banco Norte do Brasil e vende a outra parte da fazenda Curuxy, para Joana Catharina de Mattos Cruz. Nessa altura, João Monard e Francisco Cardoso, proprietários das fazendas Curuxy e Santa Maria constituíram uma sociedade, visando à comercialização e o abate do gado de produção das suas fazendas, denominada Monard & Cardoso que acabou comprando de Joana Catharina a outra parte da fazenda Curuxy. Com o fim da sociedade Monard & Cardoso em 1916, as terras da fazenda Curuxy, ficaram com o sócio João Monard.


Outra parte da sesmaria do Carmo, herdada pelo filho do Capitão Manuel Barata, Antônio Marcelino Cardoso Barata, veio a ser adquirida por Thomázia Pantoja e Paula que era mãe de Victório Leão de Paula, que arrematou a Fazenda Curuxy em hasta pública em 1876.


Victório deixou vários herdeiros que pouco a pouco foram vendendo suas respectivas propriedades para João Monard que agrupou todas as terras no patrimônio social da firma Monard & Filhos, em 23 de abril de 1918, que tinha como sócios o próprio João Monard e seus filhos, Cláudio Damasceno Monard, Octávio Damasceno Monard, Sylvia Monard da Gama Malcher, casada com o Dr. José da Gama Malcher Filho e Mercedes Damasceno Monard de Souza, casada com o Dr. Joaquim Paulo de Souza.


A sociedade perdurou até poucos anos depois do falecimento de João Monard, ocorrido em 11 de novembro de 1925, tendo sido liquidada em 28 de novembro de 1927.


Após a liquidação da sociedade o sócio Cláudio Damasceno Monard foi adquirindo as terras dos irmãos, restaurando a unidade da fazenda, mas para isso teve que contrair empréstimos bancários e como acabou em dificuldades financeiras para continuar pagando os compromissos assumidos, terminou por vender parte da sua propriedade, correspondendo às fazendas Estela, Ilha do Fogo e São João, compreendendo uma área de 24 mil hectares, para o seu vizinho e antigo sócio de deu pai, Francisco Cardoso, reservando para si os lotes da fazenda Curuxy e Nossa Senhora do Carmo, medindo 14 mil hectares onde desenvolveu um rebanho de 10 mil cabeças de gado bovino.


Com o falecimento de Cláudio Monard, aos 63 anos de idade, na data de 28 de maio de 1954, sua viúva Leonor Baena Monard, não possuindo herdeiros necessários, repartiu as terras havidas de seu esposo Cláudio, entre sua filha adotiva Arlete da Fonseca Dias, casada com o Dr. Cláudio de Mendonça Dias e o irmão mais novo da família Baena, Dr. Atreu Ciríaco Baena, médico veterinário que já administrava a fazenda durante o período da enfermidade de Cláudio Monard, até a sua morte.


Arlete recebeu por doação, a Fazenda Nossa Senhora do Carmo e Atreu com a fazenda Curuxy e Leonor permaneceu como usufrutuária das rendas da fazenda até a sua morte, aos 93 anos de idade, ocorrida em 26 de abril de 1990.


Hoje a Fazenda N. Sra. do Carmo reabre suas porteiras para o Turismo, atividade que atrai visitantes do mundo inteiro, em busca das belezas, mistérios e encantos da Ilha do Marajó.


Fontes: Wikipedia.com e Arquivo Pessoal da Família.







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